Pessoas em situação de rua. O que dizem sobre elas e o que mais poderiam dizer?

Auteurs-es

  • Suzana Rozendo Bortoli

DOI :

https://doi.org/10.25200/SLJ.v6.n1.2017.295

Mots-clés :

pessoas em situação de rua, profissionais, jornalismo, notícias, Rio de Janeiro

Résumé

  • Algumas pesquisas indicam que a população de rua do mundo todo tem cres- cido nos últimos anos. Apenas na cidade do Rio de Janeiro há cerca de seis mil cidadãos vivendo nas referidas condições. Desde a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, no século XIX, essas pessoas passaram a ser vistas como um problema de saúde pública. E, nos dias atuais, é comum ver a questão retratada pela mídia, sobretudo sob a ótica criminológica. Diante disso, interessa-nos saber qual a opinião dos profissionais que lidam com população de rua sobre as notícias divulgadas pelo jornalismo sobre tal clientela. Pretendeu-se, também, por meio do olhar dos entrevistados, mostrar o que poderia ser melhorado na cobertura jornalística desses temas. Parte-se da hipótese de que as notícias veiculadas sobre essa população desagradam os profissionais entrevistados. Como procedimentos metodológicos, foram realizadas entrevistas semia- bertas com 14 profissionais de diferentes modalidades. Ademais, foram usadas notícias online dos jornais Extra e O Globo, como forma de análise do ponto de vista jornalístico. Após a análise do material empírico, constatou-se que alguns meios de comunicação repassam ao público relatos sem aprofundamento, sem discussão, sem pluralidade de fontes e sem criticidade. Tal forma de jornalismo acaba levando a criação de outros instrumentos alternativos de divulgação, como algumas iniciativas de redes sociais ou os street papers, por exemplo, que são jornais e revistas vendidos por pessoas em situação de risco do mundo todo. Verificou-se, também, que os profissionais que lidam cotidianamente com as pessoas em situação de rua discordam dos estereótipos pejorativos difundidos pela grande mídia e, concomitantemente, apontam caminhos para a melhoria de cobertura midiática relaciona- das a esses temas.

 

  • Research indicates that the number of people living in the streets across the globe has increased in recent years. About six thousand citizens live in these conditions in Rio de Janeiro alone. Since the arrival of the Portuguese Court in Brazil in the nineteenth century, street people have been considered a public health issue. Today, it is common to see the media address the issue from a criminological perspective. We wanted to hear how professionals who deal with homeless people feel about how this news is presented. And through the eyes of these respondents, we wanted to highlight what could be improved in the coverage of poverty. We started from the assumption that the disseminated news displeased these professionals. Semi-open interviews were conducted with 14 professionals from different media. In addition, online news from the Extra and O Globo newspapers was analyzed to ascertain journalistic point of view. After analyzing the empirical evidence, we determined that some media convey news to the public that lacks depth, is without discussion, lacks multiple sources and is uncritical. This form of journalism encourages the creation of alternative news dissemination tools, such as social networking initiatives, for example, or street newspapers that are sold by people at risk around the world. We also confirmed that professionals who deal on a daily basis with people living on the streets disagree with the negative stereotypes disseminated by the media and suggest ways to improve media coverage of these subjects.

 

  • Certaines recherches indiquent que la population de la rue à travers le monde a augmenté ces dernières années. Dans la seule ville de Rio de Janeiro, environ six mille citoyens vivent dans ces conditions. Depuis l’arrivée de la Cour portugaise au Brésil au XIXe siècle, les gens de la rue ont été considérés comme un problème de santé publique. Et aujourd’hui il est fréquent de voir la question abordée par les médias dans une perspective criminologique. Nous avons voulu connaître le point de vue des spécialistes de la question sur les nouvelles publiées. Nous souhaitions aussi, à travers le regard des répondants, montrer ce qui pourrait être amélioré dans la couverture du thème de la pauvreté. Nous sommes partis de l’hypothèse que les nouvelles diffusées déplaisent aux professionnels. Des entretiens semi ouverts ont été menés avec quatorze profession- nels de différents médias. En outre, nous avons fait appel aux informations en ligne diffusées par les journaux Extra et O Globo pour analyser le point de vue journalistique. L’analyse des données empiriques a révélé que certains médias transmettent au public des informations sans profondeur, sans débat, sans pluralité de sources et sans criticité. Cette forme de journalisme incite à la création d’outils de diffusion alternatifs, comme les initiatives de réseautage social ou les journaux de rue, par exemple, qui sont vendus par des personnes à risque dans le monde entier. Nous avons aussi pu constater que les professionnels qui traitent quotidiennement des gens dans la rue sont en désaccord avec les stéréotypes péjoratifs diffusés par les médias, de même qu’ils proposent des moyens d’améliorer la couverture médiatique en rapport avec ces sujets.

 

 

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Publié-e

15-06-2017

Comment citer

Rozendo Bortoli, S. (2017). Pessoas em situação de rua. O que dizem sobre elas e o que mais poderiam dizer?. Sur Le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, 6(1), 130–143. https://doi.org/10.25200/SLJ.v6.n1.2017.295