L’ « assainissement urbain », un lieu d’effacement des clivages à Kinshasa ?

Résumé

FR. Du point de vue sémio - narratif, ce travail démontre de quelles manières les clivages politiques entre les quotidiens et entre les journalistes s’effacent en matière d’assainissement urbain à Kinshasa. Il s’agit ici d’une découverte inattendue au regard de la littérature existante sur le journalisme, particulièrement en RDC, et qui établit notamment comment les contenus des médias congolais sont clivés selon leurs différentes orientations politiques. La présente étude procède par une analyse croisée des articles journalistiques dédiés à la problématique de gestion urbaine des déchets et des déclarations des auteurs de ces articles sur les conditions de production de ces derniers. Elle tient compte des acquis des travaux sur les rapports entre les médias (presse, radio, télévision) et le pouvoir politique en RDC, vu que la presse quotidienne considère la gestion urbaine des déchets comme une question éminemment politique. Dans une approche discursive des corpus mobilisés, inspirée par la narratologie sémiotique, l’auteur découvre l’uniformité des contenus de ces corpus à trois niveaux : 1. - au niveau du constat de l’ampleur de l’insalubrité publique après la fin du financement du Projet d’appui à la réhabilitation et l’assainissement urbain de la ville de Kinshasa (PARAU) par l’Union Européenne (UE), 2. - au niveau de la double incapacité du gouvernement congolais à financer l’évacuation des déchets des décharges publiques construites par l’UE et à faire respecter la loi sur la salubrité publique, 3. - au niveau de l’ambivalence du statut de la population vue par les chevaliers de la plume comme responsable et victime de l’insalubrité publique. Dans ces trois niveaux, les indices textuels concordent et les structures narratives des corpus analysés se ressemblent. Ceci constitue un bémol intéressant que cette étude apporte quant à l’effet du positionnement politique d’un journal sur son contenu. Un apport remarquable qui mérite des approfondissements ultérieurs. 

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EN. From a semio-narrative point of view, this study demonstrates the ways political divisions between newspapers and between journalists are disappearing with respect to urban sanitation in Kinshasa. This is unexpected in light of existing literature on journalism, particularly in the DRC, which establishes how Congolese media is divided along lines defined by political orientation. This study cross-analyzes journalistic articles dedicated to the urban waste management issue and the discourses of these articles’ authors on the production conditions of the latter. It takes into account an analysis of the work on the relationship between the media (press, radio, television) and political power in the DRC, since the daily press considers urban waste management a highly political issue. Following a discursive approach of the mobilized corpus, inspired by a semiotic narratology, the author discovered uniformity in the content of this corpus in three instances: 1) the observation of the extent of public insalubrity after the end the financing of the Kinshasa City Rehabilitation and Urban Sanitation Support Project (PARAU) by the European Union (EU), 2) the incapacity of the Congolese government to finance the evacuation of waste from public landfills built by the EU and to enforce public health law, and 3) the ambivalence of the status of the population as seen by news writers as both responsible and victim of public insalubrity. In all three instances, the textual indices agree and the narrative structures of the corpus analyzed are similar. In this respect, this study provides an interesting caveat regarding the effect of newspapers’ political positioning on content and deserves further study.

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PT. Do ponto de vista semio-narrativo, este trabalho demonstra de que maneira as divisões políticas entre jornais e entre jornalistas estão desaparecendo em termos de saneamento urbano em Kinshasa. Esta é uma descoberta inesperada à luz da literatura existente sobre jornalismo, particularmente na DRC, que estabelece como o conteúdo dos congoleses é dividido de acordo com suas diferentes orientações políticas. Este estudo prossegue com uma análise cruzada de artigos jornalísticos dedicados à questão do gerenciamento de resíduos urbanos e as declarações dos autores desses artigos sobre as condições de produção deste último. Ele leva em conta as realizações do trabalho sobre a relação entre a mídia (imprensa, rádio, televisão) e o poder político na DRC, uma vez que a imprensa diária considera a gestão de resíduos urbanos uma questão altamente política. Numa abordagem discursiva, inspirada na narratologia semiótica, corpora mobilizada, o autor descobre a uniformidade do conteúdo desses corpora em três níveis: 1. - no nível da observação da extensão da insalubridade pública após o fim do financiamento do Projeto de Apoio à Reabilitação e Saneamento Urbano da Cidade de Kinshasa (PARAU) pela União Europeia (UE), 2. - a dupla incapacidade do governo congolês para financiar a evacuação de resíduos de aterros públicos pela UE e fazer cumprir a lei de saúde pública, 3. - no nível da ambivalência do status da população visto pelos cavaleiros da pena como responsáveis e vítimas de insalubridade pública. Nestes três níveis, os índices textuais concordam e as estruturas narrativas dos corpora são semelhantes. Este é um reverso interessante que este artigo apresenta sobre o efeito do posicionamento político de um jornal em seu conteúdo. Uma contribuição notável que merece mais estudos.

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