Portraits de boxeurs noirs dans des magazines africains illustrés
Des corps traversés par des rapports de pouvoir (1953-1975)
DOI :
https://doi.org/10.25200/SLJ.v10.n2.2021.439Mots-clés :
genre, classe, race, corps, boxe, rapports de pouvoirRésumé
FR. Cet article propose une analyse transversale de portraits de boxeurs noirs publiés dans des magazines africains de langue française entre 1953 et 1975. En suivant les représentations discursives et visuelles données de ce type de sportif dans deux périodiques illustrés diffusés en Afrique, Bingo (1953-1991) et La Vie africaine (1959-1965), comparées à celles qu’en a proposées au même moment Paris Match, il cherche à montrer, dans une perspective foucaldienne, comment ces dernières sont traversées par des dynamiques de pouvoir plus générales articulant des rapports sociaux de sexe, de race et de classe dans un contexte d’effritement de l’empire colonial français. Examinant les formes et la plasticité des textes et des images mettant en scène des boxeurs américains et africains d’un magazine à l’autre, l’article défend l’hypothèse d’une spécificité et d’une intensité du portrait de boxeur dans ce segment de la presse autour de 1960, avec ses topoï et ses référentiels. Après avoir décrit cet espace de publication périodique diversifié et concurrentiel, il propose une typologie des articles sur la boxe dans lesquels on retrouve, en dépit de leur variété et de leur mélange, des traits réguliers propres au portrait, forme de métagenre situé entre et au-delà des genres journalistiques usuels. La mise en scène médiatique des biographies de ces athlètes subalternisés, débordant la rubrique sportive, permet de donner un sens à des luttes tant pugilistiques que sociopolitiques, dans un contexte d’autonomisation du champ sportif français. Quoiqu’apparaissant comme des symboles de résistance, leurs corps y sont traversés par des dominations de race (sous la plume de bien des journalistes français, le Noir reste l’autre), de genre (quoique ne validant pas toutes les normes de masculinité hégémonique, ces portraits ne bousculent pas l’ordre genré), et de classe (les parcours de ces sportifs issus de milieux sociaux plutôt favorisés n’excluent pas des mécanismes (néo)coloniaux donnent la part belle à leurs entourages blancs).
***
EN. This article offers a cross-sectional analysis of portraits of black boxers in African magazines written in French and published between 1953 and 1975. The analysis is based on the study of the discursive and visual representations of the figure of the athlete in two illustrated periodicals distributed in Africa, Bingo (1953-1991) and La Vie africaine (1959-1965). By comparing them with those offered by French magazine Paris Match on the same period of time, the article seeks to demonstrate, from a Foucauldian perspective, how the latter are imbued by more generic power dynamics articulating social relations of gender, race and class, in the context of a crumbling French colonial empire. Examining the forms and the plasticity of texts and images featuring American and African boxers in each magazine, this research argues that portraits of boxers in this segment of the press in the 1960’s formed a specific genre, with its own characteristics, levels of intensity, specific topoi and references. After describing the diverse and competitive market of periodical publishing, we suggest a typology of articles on boxing, which identifies, despite their variety, common strokes specific to the portrait genre. Thus, it constitutes a form of metagenre situated between and beyond the standard journalistic genres. The staging in the media of the lives of these objectified athletes goes beyond the sports section, and heightens both pugilistic and socio-political struggles in the context of the growing importance of the French sports scene internationally. Though appearing as symbols of resistance, their bodies bear the marks of subjection through race (under the pen of many French journalists, the Black man remains “the other”), gender (although not validating all the norms of hegemonic masculinity, these portraits do not challenge the gender order), and class (the fact that most athletes are from well-off families does not exclude the (neo)colonial mechanism which consists in giving more attention than required to their white entourage).
***
PT. Este artigo oferece uma análise transversal de retratos de boxeadores negros publicados em revistas africanas de língua francesa entre 1953 e 1975. Seguindo as representações discursivas e visuais desse tipo de atleta em dois periódicos ilustrados distribuídos na África, Bingo (1953-1991) ) e La Vie africaine (1959-1965), em comparação com as propostas ao mesmo tempo por Paris Match, o trabalho procura mostrar, a partir de uma perspectiva foucaultiana, como estas últimas são atravessadas por dinâmicas de poder mais gerais que articulam as relações gênero, raça e classe em um contexto de desmoronamento do império colonial francês. Examinando as formas e a plasticidade de textos e imagens de boxeadores estadunidenses e africanos de uma revista para outra, o artigo defende a hipótese de uma especificidade e de uma intensidade do retrato de um boxeador neste segmento da imprensa por volta de 1960, com seus topoï e suas referências. Depois de ter descrito este espaço diversificado e competitivo de publicação de periódicos, propõe uma tipologia de artigos sobre boxe em que encontramos, apesar da sua variedade e da sua mistura, traços regulares próprios do retrato, uma forma de metagênero situada entre e para além de gêneros jornalísticos habituais. A encenação midiática das biografias desses atletas subalternos, extrapolando a seção de esportes, permite dar sentido às lutas pugilísticas e sociopolíticas, em um contexto de empoderamento do campo esportivo francês. Embora apareçam como símbolos de resistência, seus corpos são atravessados pela dominação racial (para muitos jornalistas franceses, o negro continua sendo o outro), gênero (embora não validem todas as normas da masculinidade hegemônica, esses retratos não perturbam a ordem de gênero), e de classe (os percursos desses atletas de origens sociais bastante privilegiadas não excluem os mecanismos (neo) coloniais que dão lugar de destaque às suas comitivas brancas).
***