Conflict zones and non-physical risks to journalism practice. Notes from Goma, Democratic Republic of Congo

Abstract

Pt.

As zonas de conflito em todo o mundo veem acompanhadas de espaços conce- bidos para apoiar estrangeiros, cujas carreiras se entrecruzam com o próprio conflito – isso inclui profissionais como os correspondentes estrangeiros. Essas zonas internacionalizadas, cada vez mais arraigadas e segregadas, podem ser descritas como «aidlands» (terras de ajuda) (Mosse 2011) ou «peacelands» (terras de paz) (Autes- serre 2014). Elas têm sido o objeto de recentes críticas da literatura pós-colonial e da lite- ratura sobre desenvolvimento das relações internacionais por fomentarem conhecimentos limitados e equivocados sobre os países e os conflitos nos quais elas atuam. Este artigo discute a necessidade urgente de se levar em consideração essas críticas, já que o uso que os correspondentes estrangeiros fazem dessas terras de ajuda/paz em missões de reporta- gem, constituem uma «imbricação» no campo da ação humanitária e do desenvolvimento internacional. Uma série de riscos potenciais decorrentes desta imbricação são detalhados neste artigo. Eles são definidos aqui como dificuldades não-materiais que acabam por questionar a qualidade e a ética da reportagem internacional. A pesquisa é conduzida por me iode auto-etnografia e entrevistas conduzidas em Goma, RDC. Também recorrer à literatura transdisciplinar. O conceito de doxa, de Bourdieu, e a ideia de que as práticas sociais seriam condicionadas por nossa maneira de conceber o espaço e o tempo – originária da geografia social – serão empregados para destacar a importância de se levar em consideração os ris- cos envolvidos no fluxo atual das atividades dos correspondentes internacionais. Tal fluxo torna a profissão vulnerável à adoção acrítica de práticas concebidas e estabelecidas pelos poderosos campos humanitários e de desenvolvimento.