O Twitter, um lugar de escrutínio das práticas jornalísticas?

Autores

  • Antónia Do Carmo Barriga

DOI:

https://doi.org/10.25200/SLJ.v8.n1.2019.389

Palavras-chave:

Twitter, media, jornalismo, opinião, comentadores

Resumo

 

PT. Os novos media alargaram substancialmente o “espaço de opinião publicada” em Portugal, uma vez em que se constituíram num meio importante para a exposição da opinião. Contudo, paradoxalmente também contribuíram para a “concentração da opinião”. Existem inúmeras e diversas situações de acumulação de “registos de opinião” pela mesma pessoa, mas há um pequeno grupo de profissionais deste subcampo dos media que produz a opinião publicada – designados de comentadores - que tem uma presença forte, regular e simultânea nos velhos e nos novos media. Esta constatação evidencia não só uma espécie de omnipresença mediática, a que corresponde um elevado capital de visibilidade, mas também uma ineludível desigualdade de género (todos são do género masculino) e uma notória ligação ao campo político e ao campo jornalístico. Portanto, é para estes atores do campo dos media que se neste artigo se relança o ol- har. Dado o seu envolvimento com os diversos media procurou-se perceber, partindo da sua atividade no Twitter, em que medida refletem sobre a ação dos pró- prios media e sobre as práticas jornalísticas. Para tal, recorrendo a procedimentos metodológicos eminentemente qualitativos, e assumindo-se o limitado alcance empírico da pesquisa, analisou-se um corpus empiricus constituído pelos tweets que reportaram ao tema, publicados no período entre 1 de maio e 31 de julho de 2017. A formulação desta questão insere-se num conjunto de interrogações e preocupações mais vasto, através das quais se problematiza o papel das redes sociais na esfera pública. Sendo que a abordagem teórica mobilizada tenta escapar à dicotomia das perspetivas teóricas dos estudos sobre a Internet: aquelas em que transparece, grosso modo, uma visão encantada, representando ainda a crença na nova esfera pública universal; e, por outro lado, as pers- petivas que denunciam uma visão descrente, que tende a ignorar as potencialidades e a realçar as ameaças da comunicação em rede.

 

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EN. The new media have considerably expanded the “space of published opinion” in Portugal, having become an important means of disseminating opinions. They have also paradoxically contributed to the “concentration of opinion.” There are numerous and varied examples of the multiplication of “opinion pieces” by the same person, and a small group of professionals in this media sub-group that produces published opinion—known as “commentators”—have a strong, regular and concurrent presence in new media. This reality highlights not only a kind of omnipresence in the media, which equates to a high level of visibility, but also an obvious gender bias (all male) and a significant link between politics and journalism. This paper examines these media players and their presence in the various media. The author sought to understand, based on their activity on Twitter, to what extent they influenced the actions of the media themselves and journalistic practice. To this end, using qualitative methodological methods and recognizing the limited empirical scope of the research, an empirical corpus was analyzed consisting of relevant tweets published between May 1 and July 31, 2017. The topic addressed in this study is a subset of broader questions and concerns through which the role of social networks in the public sphere is problematized. The application of a theoretical approach serves to free the paper from the dichotomy of perspectives typically found in Internet studies: 1) those proffering a starry-eyed vision that contributes to the belief in a new universal public sphere; and, 2) those that denounce this utopian vision, tend to ignore potentialities and highlight the threats of network communication.

 

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FR. Les nouveaux médias ont considérablement élargi « l’espace de l’opinion pu- bliée » au Portugal, car ils sont devenus un moyen important de diffusion des opinions. Cependant, ils ont aussi paradoxalement contribué à la « concentration d’opinion ». Il existe de nombreuses et diverses situations de multiplication des « documents d’opinion » par la même personne, mais un petit groupe de professionnels de ce sous-champ des médias qui produit l’opinion publiée – appelés commentateurs – a une présence forte, régulière et simultanée dans les nouveaux médias. Cette constatation souligne non seulement une sorte d’omniprésence dans les médias, qui correspond à un haut capital de visibilité, mais aussi une évidente inégalité entre les sexes (tous masculins) et un lien notoire avec le champ politique et le champ journalistique. C’est à ces acteurs du secteur des médias que cet article est consacré. En raison de leur implication dans les différents médias, l’auteur a cherché à comprendre, en se basant sur leur activité sur Twitter, dans quelle mesure ils influençaient l’action des médias eux-mêmes et les pratiques journalistiques. Pour ce faire, en utilisant des procédures méthodologiques qualitatives et en admettant la portée empirique limitée de la recherche, un corpus empirique a été analysé, composé de tweets sur le sujet, publiés entre le 1er mai et le 31 juillet 2017. Le questionnement de l’article s’inscrit dans un ensemble plus vaste d’interrogations et de préoccupations, à travers lesquelles le rôle des réseaux sociaux dans la sphère publique est problématisé. L’approche théorique mobilisée tente de s’affranchir de la dichotomie des perspectives des études sur Internet : celles dans lesquelles une vision enchantée est largement représentée, participant à la croyance en la nouvelle sphère publique universelle ; et, d’autre part, les perspectives qui dénoncent une vision incrédule, qui tend à ignorer les potentialités et à mettre en évidence les menaces de la communication en réseau.

 

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Publicado

2019-06-15

Como Citar

Do Carmo Barriga, A. (2019). O Twitter, um lugar de escrutínio das práticas jornalísticas?. Sur Le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, 8(1), 140–153. https://doi.org/10.25200/SLJ.v8.n1.2019.389