Jornalistas e resistência na EBC

Mecanismos contra o desmonte da comunicação pública sob os governos Temer e Bolsonaro

Autores

  • Akemi Nitahara Souza Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Empresa Brasil de Comunicação, comunicação pública, participação social, censura, Frente em Defesa da EBC

Resumo

PT. Criada em 2007 para gerir os veículos e agências de notícias do governo federal e implementar a comunicação pública brasileira, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) não teve tempo de se consolidar na sociedade. A partir do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, a empresa passou por desmonte normativo, editorial, físico e de pessoal, que fragilizaram o caráter público da EBC, em favor do viés governamental. Em abril de 2019, a situação se agravou, com a unificação da TV Brasil, emissora pública, com a TV NBR, criada para transmitir atos oficiais. Com os primeiros sinais de censura e perseguição sofridos pelos trabalhadores da EBC, eles se organizaram, junto com a sociedade civil, para resistir ao desmonte e denunciar a utilização dos veículos públicos para promoção pessoal do presidente da república e propaganda do governo. Traremos neste artigo o levantamento e análise documental de ações empreendidas pelos jornalistas e radialistas da EBC entre 2016 e 2022, como os dossiês de censura, a Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública, a Ouvidoria Cidadã da EBC e o Seminário Reconstrói EBC. Movimentos que contaram sempre com apoio da sociedade civil mobilizada em torno da comunicação pública e que levaram à homenagem na 44ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos principais prêmios de jornalismo do Brasil. Tais ações de resistência se revelaram essenciais para manter em evidência a missão da comunicação pública e contribuíram para evitar o fechamento da empresa, bem como servir de observatório e repositório de conteúdos sobre o desmonte da EBC, contribuindo para a memória e registro acadêmico o período.

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ES. Creada en 2007 para gestionar los medios y agencias de noticias del gobierno federal e implementar la comunicación pública brasileña, la Empresa Brasil de Comunicación (EBC) no tuvo tiempo de consolidarse en la sociedad. Tras la destitución de la presidenta Dilma Rousseff en 2016, la empresa pasó por un desmantelamiento normativo, editorial, físico y de personal, que debilitó el carácter público de la EBC en detrimento del sesgo gubernamental. La situación se agravó en abril de 2019 con la unificación de TV Brasil, emisora pública, con TV NBR, creada para transmitir actos oficiales. Ante las primeras señales de censura y persecución a los trabajadores de la EBC, estos se organizaron, junto con la sociedad civil, para resistir al desmantelamiento y denunciar la utilización de los medios públicos para la promoción personal del presidente de la República y la propaganda gubernamental. En este artículo se hace un levantamiento y análisis documental de acciones emprendidas por los periodistas y locutores de la EBC entre 2016 y 2022, como los expedientes de censura, el Frente en Defensa de la EBC y de la Comunicación Pública, la Defensoría Ciudadana de la EBC y el Seminario Reconstruye EBC. Estos movimientos siempre contaron con el apoyo de la sociedad civil movilizada en torno a la comunicación pública y recibieron un homenaje especial en la 44ª edición del Premio Vladimir Herzog de Amnistía y Derechos Humanos, uno de los principales galardones de periodismo de Brasil. Tales acciones de resistencia resultaron fundamentales para mantener en evidencia la misión de la comunicación pública y contribuyeron a evitar el cierre de la empresa, además de servir como observatorio y repositorio de contenidos sobre el desmantelamiento de la EBC, contribuyendo a la memoria y el registro del período.

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EN. Created in 2007 to manage the federal government's news outlets and agencies as well as implement Brazilian public communication, the Brazil Communication Company (EBC) did not have time to consolidate itself in society. Following the impeachment of former president Dilma Rousseff in 2016, the company was subjected to a regulatory, editorial, physical and personnel dismantling, which weakened the public character of the EBC to the detriment of its governmental predisposition. In April 2019, the situation got worse after the merging of public broadcaster TV Brasil with TV NBR, which was created to broadcast official government acts. At the first signs of censorship and persecution, EBC employees organized themselves with civil society to fight back against the dismantling and denounce the use of public media outlets for promoting the president’s personal agenda and government propaganda. In this article, we will present a survey and documentary analysis of actions undertaken by EBC journalists and radio broadcasters between 2016 and 2022, such as the censorship dossiers, the Front in Defense of the EBC and Public Communication, the EBC Citizen Ombudsman, and the Rebuilding the EBC Seminar. These movements have always relied on the support of civil society mobilized around public communication, and were honored at the 44th edition of the Vladimir Herzog Award for Amnesty and Human Rights, one of the major journalism awards in Brazil. These resistance actions were key toward keeping public communication relevant and helping the company avoid being shutdown, as well as serving as an observatory and repository for content on the dismantling of the EBC, contributing to the memory and academic record of the period.

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FR. Créée en 2007 pour assurer la gestion des médias et des agences de presse du gouvernement fédéral et pour mettre en œuvre la communication publique brésilienne, l’Entreprise Brésil de Communication (EBC) n’a pas eu le temps de se consolider socialement. Après la destitution de la présidente Dilma Rousseff en 2016, l’EBC a fait l’objet d’un démantèlement réglementaire, éditorial, physique et en termes de personnel, qui a fragilisé son caractère public et favorisé sa partialité en faveur du gouvernement. En avril 2019, la situation s’est aggravée avec la fusion entre le réseau de télévision public TV Brasil et la chaine TV NBR, créée pour retransmettre les actes officiels. Face aux premiers signes de censure et de persécution à l’encontre des travailleurs de l’EBC, ces derniers se sont organisés, avec la société civile, pour résister au démantèlement et dénoncer l’utilisation des médias publics pour la promotion personnelle du président de la République et la propagande gouvernementale. Cet article présente un inventaire et une analyse documentaire des actions entreprises par les journalistes, producteurs et présentateurs de l’EBC entre 2016 et 2022. Il se penche notamment sur les dossiers de censure, le Front de défense de l’EBC et de la communication publique, le projet Ombudsman citoyen de l’EBC et le séminaire Reconstruire l’EBC. Ces mouvements ont toujours bénéficié du soutien de la société civile mobilisée autour de la communication publique et il leur a été rendu hommage lors de la 44e édition du Prix Vladimir Herzog d’amnistie et de droits humains, l’un des principaux prix de journalisme au Brésil. Ces actions de résistance se sont avérées essentielles pour garder en vue la mission de la communication publique et ont aidé à éviter la disparition de l’EBC. Elles ont aussi joué un rôle d’observatoire et permis le recueil de contenus relatifs au démantèlement de l’EBC, contribuant ainsi à la mémoire et à l’étude académique de cette période.

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Publicado

2024-12-16

Como Citar

Nitahara Souza, A. (2024). Jornalistas e resistência na EBC: Mecanismos contra o desmonte da comunicação pública sob os governos Temer e Bolsonaro. Sur Le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, 13(2), 46–61. Recuperado de https://revue.surlejournalisme.com/slj/article/view/522

Edição

Seção

O jornalismo, uma profissão de lutas (2)