Recruter en période de crise ou l’effritement d’un huis clos journalistique
DOI :
https://doi.org/10.25200/SLJ.v6.n1.2017.299Mots-clés :
recrutement, jeunes journalistes, crise, emploi, travail, identités professionnellesRésumé
- À partir de l’étude du repérage, de l’embauche et de l’intégration des nouveaux journalistes en Belgique francophone, cet submission étudie l’évolution des formes identitaires journalistiques en période de basse conjoncture. Il se base sur un corpus de 20 entretiens menés auprès de responsables du recrutement, ainsi que sur l’ana- lyse des bilans comptables des éditeurs du marché étudié au cours de la période 2003-2013. Ce sont donc les identités professionnelles du haut de la hiérarchie journalistique qui sont approchées. Fortement limités dans leurs marges de manœuvre et devant progressivement composer avec l’implémentation des méthodes de gestion des ressources humaines, les individus assumant les missions de recrutement déploient des formes identitaires articulées principalement autour des impacts de la crise. Soumis à des contraintes budgétaires dépassant leur périmètre d’action, ils développent des schémas discursifs situant prioritairement le journalisme comme une activité laborieuse dont la reconnaissance des traits distinctifs demeurerait leur apanage, reléguant ainsi au second plan les défis auxquels ils sont confrontés au quotidien, comme l’effritement du volume de contrats stables, la flexibilisation des ressources humaines et l’obstruction sévissant à l’orée du marché de l’emploi. L’analyse des discours permet de comprendre dans quelle mesure des pratiques de recrutement peu schématisées sont à la fois un effet de la crise et un reflet de l’importance de préserver une évaluation éprouvée, basée sur la réalité quotidienne du travail journalistique et destinée à distinguer un ethos journalistique dont les traits peuvent varier sensiblement d’un média à l’autre. Ce faisant, les recruteurs semblent réaffirmer une autorité argumentée sur un déséquilibre discursif au niveau du couple emploi-travail, le premier s’effaçant au profit du second. Ce que les formes identitaires de la hiérarchie révèlent par le biais de la crise, c’est la réaffirmation d’une légitimité, d’une autonomie et d’une existence dans et par le travail. Mais elles négligent toute réflexion prospective autour de l’emploi pour lui-même, considéré en dehors des liens avec le travail qu’il encadre.
- This paper examines the evolution of the forms of journalistic identity during a period of economic recession based on the identification, recruitment and integration of new journalists in French-speaking Belgium. It is founded on a corpus of twenty interviews with recruitment officers in conjunction with an analysis of the balance sheets of studied publishers from 2003 to 2013. It is therefore professional identities at the top of the journalistic hierarchy that are surveyed. Being strictly limited in their margins of maneuver and having to cope with the implementation of human resources management methods, individuals accepting recruitment missions display forms of iden- tity defined largely by the impact of the economic crisis. Subject to budgetary constraints beyond their scope of activity, they develop discursive patterns that prioritize journalism as a demanding activity with distinct characteristics—the selection of which are the recruiter’s prerogative—relegating to the background the challenges they face on a daily basis, such as an erosion in the volume of stable contracts, the flexibilisation of human resources and the obstructions newcomers face as they enter the labor market. An analysis of the discourse makes it possible to understand the extent to which unscripted recruitment practices are both a product of the economic crisis, and a reflection of the importance of preserving tried- and-true evaluation criteria based on the daily reality of journalistic work and distinguishing a journalistic ethos whose traits can vary significantly from one media to another. In so doing, recruiters seem to reaffirm a well-reasoned authority over the discursive imbalance in the employment-work dichotomy, with the former submerged by the latter. What the identity forms of the hierarchy reveal through the economic crisis is the reaffirmation of a legitimacy, autonomy and existence in and through work. But they neglect any forward-looking reflection about employment in its own right, removed from ties with the work it encompasses.
- A partir de um estudo sobre a identificação, a contratação e a integração de novos jornalistas na Bélgica francófona, este artigo estuda a evolução das formas identitárias jornalísticas em um período de recessão econômica. Ele se baseia em um corpus de 20 entrevistas realizadas com responsáveis pelo recrutamento de jornalistas, bem como na análise dos relatórios contábeis das empresas e mídia do mercado em questão no período de 2003-2013. O artigo analisa, portanto, as identidades profissionais da parte superior da hierarquia jornalística. Essas pessoas possuem margens de manobra bastante limitadas e devem cada vez mais trabalhar em consonância com a implementação de métodos de gestão oriundos dos recursos humanos. Nesse sentido, os indivíduos responsáveis pelo recrutamento no jornalismo desenvolvem formas identitárias articuladas, sobretudo, com os impactos da crise. Submetidos a constrangimentos orça- mentários que ultrapassam seu raio de ação, desenvolvem esquemas discursivos que situam o jornalismo prioritariamente como uma atividade laboriosa cujo reconhecimento dos seus traços distintivos – o fato de a seleção continuar a ser uma prerrogativa do responsável pelo recrutamento – continuariam a ser um privilégio, relegando, assim, a um segundo plano, os desafios nos quais eles são confrontados em seu cotidiano, como a redução do volume de contratos estáveis, a flexibilização dos recursos humanos e a obstrução dos jovens jornalistas do acesso ao mercado de trabalho. A análise desses discursos permite compreender em que medida práticas de recrutamento pouco esquematizadas são, por um lado, um efeito da crise e, por outro, um reflexo da necessidade de se preservar uma forma estabelecida de avaliação do desempenho dos jornalistas, baseada na realidade cotidiana do trabalho jornalístico e destinada a valorizar um ethos jornalístico cujos traços podem variar sensi- velmente de uma mídia à outra. Ao fazer isso, os responsáveis pelo recrutamento parecem reafirmar uma autoridade baseada em um desequilíbrio discursivo no âmbito do binômio emprego-trabalho, o primeiro sendo preterido em relação ao segundo. O que essas formas identitárias da hierarquia revelam, a partir da crise, é a reformação de uma legitimidade, de uma autonomia e de uma existência por e para o trabalho. Por outro lado, elas negligenciam toda reflexão prospectiva em relação ao emprego em si, considerado como algo a parte dos laços que ele estabelece com o trabalho que o enquadra.
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Publié-e
15-06-2017
Comment citer
Standaert, O. (2017). Recruter en période de crise ou l’effritement d’un huis clos journalistique. Sur Le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, 6(1), 188–201. https://doi.org/10.25200/SLJ.v6.n1.2017.299