Fotojornalismo e perícia criminal

As identidades na produção de fotografias de cena de crime

Resumo

PT. A identidade de dois grupos profissionais é abordada neste estudo através da relação que desenvolvem com o registro fotográfico de cenas de crime, onde produzem representações diversas de um mesmo evento, a partir de práticas, públicos e objetivos particulares ao espaço em que estão inseridos. Utilizando entrevistas em profundidade com três fotojornalistas e três peritos criminais do Distrito Federal (Brasil), buscou-se compreender, em uma análise comparativa, as motivações e escolhas pessoais que os levaram ao ingresso e permanência em suas carreiras. Também são investigadas as formas de socialização a que foram submetidos os entrevistados para se tornarem participantes dos seus meios profissionais, assim como as margens percebidas para improvisação e inovação de suas formas de agir dentro de seus grupos. Através das fotografias de cena de crime que produzem, a objetividade foi reivindicada como um valor comum à ideologia de ambos os meios. No entanto, enquanto na fotografia forense, esta foi identificada em um excesso de conteúdo e de exposição, no fotojornalismo, o valor foi percebido em uma capacidade de interpretação e resumo dos fatos ao seu público. A relação com o tempo foi investigada através dos discursos dos fotojornalistas, como forma de entender a proximidade entre trabalho e vida pessoal que possuem com a profissão, além das pressões e o ritmo de produção desses profissionais, que estão mais vulneráveis em um contexto de precarização do trabalho. A análise da gestão de interações, possibilitou perceber como os profissionais se posicionam e lidam com as injunções impostas pelos outros atores envolvidos em suas rotinas de atuação. Um último tópico relacionado a questões de gênero foi levantado a partir dos discursos coletados, que indicaram um desconforto com a presença feminina nas duas carreiras. Por fim, o estudo foi capaz de acessar particularidades das identidades profissionais da perícia criminal e do fotojornalismo no Brasil.

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FR. Cette étude aborde l'identité de deux groupes professionnels au travers de leur rapport à l'enregistrement photographique des scènes de crime, où ils produisent des représentations différentes du même événement, en fonction des pratiques, des publics et des objectifs propres à la sphère dans laquelle ils s’insèrent. Sur la base d’entretiens approfondis avec trois photojournalistes et trois criminalistes du District fédéral (Brésil), j’ai cherché à comprendre, par une analyse comparative, les motivations et les choix personnels qui les ont conduits à exercer ces métiers et à poursuivre leur carrière. Je me suis aussi intéressée aux formes de socialisation auxquelles ils ont été soumis pour s’insérer dans leurs milieux professionnels, ainsi qu’aux marges d'improvisation et d'innovation qu’ils perçoivent dans leurs manières d'agir au sein de leurs groupes. Dans les photographies de scènes de crime produites, l’objectivité a été revendiquée comme une valeur commune aux deux professions. Néanmoins, alors que pour les criminalistes, cette dernière était identifiée à une profusion de contenus et d'expositions, les photojournalistes la percevaient plutôt comme une capacité à interpréter et à résumer les faits à destination de leur public. Le rapport au temps a par ailleurs été étudié à travers les discours des photojournalistes, afin de mieux comprendre la proximité établie entre leur travail et leur vie personnelle, mais aussi les pressions subies et le rythme de production de ces professionnels, devenus plus vulnérables dans un contexte de précarisation de l’emploi. L’analyse de la gestion des interactions a permis de saisir comment ces derniers se positionnent et gèrent les injonctions émanant des autres acteurs impliqués dans leurs routines de travail. Les discours recueillis ont aussi conduit à soulever les questions de genre et révélé un certain inconfort face à la présence de femmes dans ces deux professions. Enfin, l'étude a permis de dégager certaines spécificités des identités professionnelles de la criminalistique et du photojournalisme au Brésil.

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EN. This study addresses the identity of two professional groups through their relationship to the photographic recording of crime scenes, where they produce different representations of the same event, depending on the practices, audiences and objectives specific to the sphere in which they operate. On the basis of in-depth interviews with three photojournalists and three criminal experts from Brazil’s Federal District, we sought to understand, through a comparative analysis, the motivations and personal choices that led them to pursue these professions and to continue their careers. The forms of socialisation to which the interviewees were subjected in order to become participants in their professional circles were also investigated, as was the perceived scope for improvisation and innovation in their ways of acting within their groups. In the crime scene photographs produced, objectivity was claimed as a value common to both professions. However, while in forensic photography, this was identified through an excess of content and exposure, in photojournalism, the value was perceived through the ability to interpret and summarise the facts for their audience. The relationship with time was also studied through the discourse of photojournalists, in order to better understand the complexity of their work-life balance, as well as the pressures and the pace of production expected of these professionals, who have become more vulnerable in a context of job insecurity. The analysis of the management of interactions made it possible to understand how they position themselves and manage the demands from the other actors involved in their work routines. The collected discourses also raised gender issues and revealed a certain discomfort with the presence of women in these two professions. Finally, the study was able to access certain specificities of the professional identities of those working in criminal investigation and photojournalism in Brazil.

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ES. En este estudio, la identidad de dos grupos profesionales se aborda a través de la relación que desarrollan con el registro fotográfico de escenas del crimen, donde producen diferentes representaciones de un mismo hecho, a partir de prácticas, públicos y objetivos particulares del espacio en el que se insertan. Mediante entrevistas en profundidad con tres fotoperiodistas y tres peritos judiciales del Distrito Federal (Brasil), se busca comprender, a través de un análisis comparativo, las motivaciones y elecciones personales que los llevaron a ingresar y permanecer en sus carreras. También se investigan las formas de socialización a las que se sometieron los entrevistados para llegar a ser partícipes de sus círculos profesionales, así como el margen de improvisación e innovación que perciben en sus formas de actuar dentro de sus grupos. Por medio de las fotografías de la escena del crimen que producen, se reivindicó la objetividad como valor común a la ideología de ambos medios. Sin embargo, mientras que en la fotografía forense esta se identificaba en un exceso de contenido y exposición, en el fotoperiodismo el valor se percibía en la capacidad de interpretar y resumir los hechos para su público. La relación con el tiempo se investigó mediante los discursos de los fotoperiodistas, como forma de entender la proximidad entre el trabajo y la vida personal que tienen con la profesión, así como las presiones y el ritmo de producción de estos profesionales, que se ven más vulnerables en un contexto de precarización del trabajo. El análisis de la gestión de interacciones permitió ver cómo los profesionales se posicionan y afrontan los mandatos impuestos por los demás actores implicados en sus rutinas de actuación. Un último tema relacionado con las cuestiones de género surgió de los discursos recogidos, que indicaban un malestar con la presencia de mujeres en ambas carreras. Finalmente, el estudio pudo acceder a particularidades de las identidades profesionales de la pericia judicial y del fotoperiodismo en Brasil.

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