Mulheres ainda são menos entrevistadas que homens nos telejornais de 8 de Março

Auteurs-es

  • Sandra Nodari Universidade Federal do Paraná

DOI :

https://doi.org/10.25200/SLJ.v11.n2.2022.490

Mots-clés :

Genre , Sources d'information , Épistémologie féminine , Journal télévisé, Valeurs d'actualité

Résumé

PT. Este artigo busca compreender quantas são, quem são e sobre o que falam as fontes femininas nas reportagens de telejornais do dia 8 de Março, Dia Internacional de Lutas das Mulheres. Ao ter ciência que militantes feministas organizam marchas e manifestações ao redor do mundo, entende-se que elas deveriam estar presentes como fontes das notícias dos telejornais nesta data. A análise compreende as edições de 2017, 2018 e 2019 do Jornal Nacional e do Jornal da Oito, telejornais de maior audiência no Brasil e em Portugal. Os dados desta pesquisa são examinados por meio de análise de conteúdo, metodologia utilizada seguindo as premissas da epistemologia feminista e dos estudos de gênero. A coleta de dados se dá por meio das técnicas quantitativa e qualitativa e da utilização de um livro de códigos próprio. Entre os principais resultados obtidos, observa-se que o Jornal Nacional (Brasil) não exibe entrevistas de militantes brasileiras presentes nos protestos de 8 de Março, ao contrário do Jornal das Oito (Portugal) que a cada ano aumenta o número de fontes femininas ouvidas enquanto participam das Marchas Feministas. Com relação à porcentagem de vozes ouvidas, as mulheres ainda não são as fontes mais visibilizadas nas edições, que em sua maioria, ainda exibem mais vozes masculinas que femininas nas datas. No Jornal Nacional percebe-se um crescimento de vozes de fontes femininas exibidas em reportagens que parte de 0,3% (2017) para 14,3% (2019). Já em Portugal, o crescimento apresentado foi de 11,4% (2017) para 28,4% (2019), sendo a presença das mulheres portuguesas, como fontes de telejornal, maior que a das brasileiras. Outro dado relevante tem relação com os traços fenotípicos das fontes femininas, a maioria das mulheres entrevistadas pelos noticiários dos dois países têm pele branca, sendo 86,9% do Jornal da Oito e 73,1% do Jornal Nacional. As mulheres de pele negra que participaram como fontes falantes das reportagens representam 26,5% no Jornal Nacional e apenas 1,6% no Jornal das Oito. Entre os assuntos mais abordados, em ambos os noticiários, estão a violência contra as mulheres e a desigualdade de gênero. O tema 8 de Março ocupa apenas 1,3% de todo o tempo do Jornal Nacional, sem exibir entrevistas com participantes das manifestações no Brasil. Ao contrário, o Jornal das Oito dedica 51,2% do tempo total a reportagens que abordam este assunto, além de trazer entrevistas com diversas fontes participantes das marchas.

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EN. This article analyses profiles, numbers and topics discussed by women interviewed or quoted in the news on March 8th, the International Women's Rights Day. Given the number of marches and demonstrations taking place around the world that are coordinated by feminist activist organizations, one would expect them to be featured on television news on this date. The study builds on the 2017, 2018, and 2019 editions of Jornal Nacional and Jornal das Oito, the most followed news editions in Brazil and Portugal respectively. The data of this research was analyzed following the Content Analysis methodology, adapted to the framework of feminist epistemology and gender studies. The results of the quantitative and qualitative treatment of the data showed that, while the Jornal Nacional (Brazil) does not broadcast any interviews with Brazilian activists participating in the March 8th Marches, the Jornal das Oito (Portugal) gradually feature every year more female voices which take part in feminist Marches. In terms of percentage of voices heard, women still do not represent the largest share of time coverage in the editions, most editions still featuring more male than female voices on this day. Nevertheless, findings show an increase in the number of female voices in the news stories: from 0.3% (2017) to 14.3% (2019) in the Jornal Nacional; and from 11.4% (2017) to 28.4% (2019) in Portugal. Portuguese women represent a larger share of news sources compared to Brazilian women. Another important finding is related to physical appearance of interviewed women: the majority of the women interviewed by the news editions in both countries had white skin: 86.9% in Jornal das Oito and 73.1% in Jornal Nacional. Women with black skin who were interviewed in the featured stories represented only 26.5% in Jornal Nacional and 1.6% in Jornal das Oito. Violence against women and gender inequality were among the topics most discussed in both news outlets. In Brazil, the March 8th theme accounts for only 1.3% of the total time of the Jornal Nacional, which does not broadcast any interviews with demonstrators. On the other hand, Jornal das Oito dedicates 51.2% of the total time of its edition to reports on the topic, including interviews with several people who participated in the marches.

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FR. Cet article cherche à comprendre qui sont les sources féminines, combien sont-elles et de quoi elles parlent dans les reportages des journaux télévisés lors du 8 mars, journée internationale de la lutte des femmes. Étant donné que les militantes féministes organisent des marches et des manifestations dans le monde entier, on pourrait s’attendre à les retrouver à cette date sur les chaînes de télévision, en tant que sources d'information. L'analyse porte sur les éditions 2017, 2018 et 2019 du Jornal Nacional et du Jornal das Oito, les journaux télévisés les plus suivis au Brésil et au Portugal, respectivement. Pour examiner les données de cette recherche, nous avons eu recours à l'Analyse de Contenu, méthodologie employée suivant les prémisses de l'épistémologie féministe et des études de genre. Les résultats du traitement quantitatif et qualitatif des données, à partir d’un codebook de l'autrice, ont permis de montrer que, si le Jornal Nacional (Brésil) ne diffuse aucune interview de militantes brésiliennes participant aux manifestations du 8 mars, le Jornal das Oito (Portugal) accroît chaque année le nombre de sources féminines entendues en tant que participantes aux Marches féministes. En termes de pourcentage de voix entendues, les femmes n’occupent toujours pas un espace majoritaire dans les éditions, la plupart faisant encore apparaître à ses dates davantage de voix masculines que féminines. Les résultats montrent néanmoins une augmentation du nombre de voix féminines dans les reportages : de 0,3% (2017) à 14,3% (2019) dans le Jornal Nacional ; et de 11,4% (2017) à 28,4% (2019), au Portugal. La présence des femmes portugaises en tant que sources d'informations télévisées est supérieure à celle des femmes brésiliennes. Une autre donnée importante concerne les traits phénotypiques des sources féminines : la majorité des femmes interviewées par les journaux télévisés des deux pays ont la peau blanche, soit 86,9% pour le Jornal das Oito et 73,1% pour le Jornal Nacional. Les femmes à la peau noire ayant participé en tant que sources parlantes dans les reportages ne représentent que 26,5% dans le Jornal Nacional et 1,6% dans le Jornal das Oito. Parmi les sujets les plus abordés dans les deux journaux télévisés figurent la violence envers les femmes et l'inégalité des genres. Au Brésil, le thème du 8 mars n'occupe que 1,3% du temps total du Jornal Nacional, qui ne diffuse aucune interview de participantes aux manifestations. En revanche, le Jornal das Oito consacre 51,2% du temps total de son édition à des reportages qui abordent le sujet, et présente des interviews de plusieurs sources ayant participé aux marches.

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Publié-e

16-12-2022

Comment citer

Nodari, S. . (2022). Mulheres ainda são menos entrevistadas que homens nos telejornais de 8 de Março. Sur Le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, 11(2), 62–75. https://doi.org/10.25200/SLJ.v11.n2.2022.490